Literatura de Esbarrão - O Homem de Areia

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O Homem de Areia

... Certa vez aquelas pisadas abafadas me assustaram muito; quando estávamos indo para o quarto, perguntei: "Mamãe! Quem é esse Homem de areia tão malvado, que não nos deixa ficar com o papai? Como ele é afinal?. E ela respondeu: " O Homem de Areia não existe meu filho. Quando digo que ele chegou, significa que vocês estão com tanto sono que mal conseguem manter os olhos abertos, como se neles tivessem jogado areia".

Essa respostas não me satisfez; pelo contrário, minha mente infantil desenvolveu a clara ideia de que mamãe só negava a existência do Homem de Areia para que não ficássemos com medo; afinal, eu sempre o ouvia subir a escada...

...Quando fiz dez anos, minha mãe mudou-me do quarto de crianças para um pequeno aposento que dava para um corredor não muito distante do gabinete de papai. Mal batiam as nove horas e ouvíamos o desconhecido entrar, éramos obrigados a nos retirar rapidamente. Em meu quartinho, percebia quando ele entrava no gabinete de papai, e logo em seguida tinha a impressão de que se espalhava pela casa um vapor suave e de raro odor com minha curiosidade, cada vez mais ardia o desejo de, com coragem e determinação, travar conhecimento com o Homem da Areia. Muitas vezes, quando mamãe já havia passado, eu saía rapidamente do quartinho para o corredor, mas nada podia escutar, pois o Homem da Areia sempre havia ultrapassado a porta, quando eu chegava ao local de onde ele poderia ser visto. Levado por um irresistível impulso, decidi esconder-me no gabinete de papai e esperar o Homem da Areia...

No Romantismo alemão, Hoffmann foi um mestre, o mágico virtuoso da literatura fantástica. Entre suas obras mais conhecidas estão:
Fantasias à maneira de Callot (1814/15);
O vaso de ouro (1812);
O elixir do diabo (1816);
Quebra Nozes e o Camundongo Rei (1816);
Noturnos (1817) inclui O Homem de Areia;
Contos dos irmãos Serapion (1819/21;
Princesa Brambilla (1821).


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Um comentário:

Kamila disse...

Vou ser bem sincera no meu comentário: nunca li esse livro, nem tinha ouvido falar no autor. Seu texto tá legal e gera curiosidade na obra.