Literatura de Esbarrão

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A visita cruel do tempo - de Jennifer Egan

  

Vencedor do prêmio Pulitzer de ficção 2011, A Visita Cruel do Tempo da Americana Jennifer Egan, chega para atualizar e pontuar o que há de contemporãneo na livrarias. A narrativa fragmentada lembra a velocidade dos video clipes ou os filmes do diretor Quentin Tarantino. 

Com um texto agridoce, Jennifer percorre o mundo pop das bandas de rock and roll e seus astros e mitos. Visita com clareza e maturidade o passado recente das decádas de 70, 80 e 90, os surgimento dos movimentos punk e dos ícones dessa época. Em contra partida avança décadas a frente num futuro também próximo correlacionando e contrapondo o passado presente e futuro dos personagens.

A história gira em torno dos integrantes dos Conduits, uma banda de punk rock dos anos 80, a partir desses, outros personagens são acrescidos, reporteres, fãs, familiares, executivos do mundo musical e outros, com essa gama a escritora faz viajens no tempo e no espaço, EUA, Nápoles ou na África Jeniffer constrói um texto plural e particular no antes e depois de cada personagem, por vezes compactando e expandindo assuntos e momentos importantes, mantendo a unidade de um romance mesmo quando parece escrever histórias independentes.


Trechos do Livro

"Começou como sempre começa, no banheiro do Hotel Lassimo. Sasha estava retocando a sombra amarela dos olhos quando reparou em uma bolsa no chão ao lado da pia, que devia pertencer à mulher cujo jato de urina se podia vagamente escutar através da porta do cubículo semelhante à de de um cofre-forte. Na borda da bolsa, quase imperceptível, havia uma carteira de couro verde-claro. Ao relembrar o ocorrido, ficava evidente para Sasha que a confiança cega da mulher a provocara..."

"...Graças à Deus, o ano de 1980 está quase acabando. Os hippies estão ficando velhos, fritaram os cérebros com ácido, e agora pedem esmola nas esquinas de toda São Francisco. Têm cabelos embaraçados pés descalços, grossos e cinzentos feitos sapatos. Estamos fartos deles..."

"...Estrelas de cinema sempre parecem baixinhas na primeira vez em que a vemos, e Kitty Jackson não é nenhuma exceção, por mais excepcional que seja sob todos os outros aspectos.
     Na realidade, baixinha não é a palavra certa; ela é minúscula - um bonsai humano de vestido branco sem mangas, sentada a mesa do fundo de um restaurante da avenida Madison, falando a celular. Quando me sento, ela sorri e revira os olhos para o telefone. Seus cabelos tem aquele tom de louro que se vê por toda parte, "com reflexos", como diz minha ex-noiva, embora em Kitty Jackson essa convivência emaranhada entre o louro e o castanho pareça ao mesmo tempo mais natural e mais cara do que Janete Green..."


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